quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

segunda

Henry era um cara bacana. Gostava dos meus contos. Era minha a minha esperança. Eu mandava tudo para ele. Várias vezes me respondia com cartas maiores que meus contos. Fazia um estudo sobre minha obra, apontando defeitos e qualidades. Ele também escrevia. Era jornalista e gostava de pescar.
Li e reli aquele papel, aquelas frases perfeitamente encaixadas. Abri uma garrafa de vinho para comemorar. Depois de bêbado, dormi com o papel sob a mão.
Acordei várias vezes na mesma noite, olhava para o papel e voltava a dormir. Até que acordei definitivamente com uns gemidos do quarto ao lado. Levantei com dor de cabeça e sentei em frente à máquina de escrever. Fiquei ali por horas. Eu realmente não estava a fim de escrever.
Esperei até o Hawkin's abrir.
Caminhei até lá e o movimento parecia normal.
A graciosa e antipática garçonete estava fumando do lado de fora. Me aproximei e entrei no bar. Ela me viu entrando. Nós dois sabíamos disso.
Sentei em uma mesa para dois e peguei o jornal. O jovem negro se levantou para anotar o meu pedido. Antes mesmo de ele chegar, a garçonete interveio com sua bandeja com uma Budweiser. Colocou-a em cima da minha mesa.
- Por conta da casa. – ela disse, em tom alto e convincente.

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